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Negócios & Transações

M&A Connect: ‘A relação de transparência começa na negociação’

Debate proposto pela MCS Markup sobre o planejamento da venda levantou temas como a importância de analisar a governança das empresas a serem compradas e o papel das assessorias nas transações

O segundo painel do M&A Connect teve como tema “Planejando a saída: motivações e preparação para a venda de empresas” e foi apresentado por Lígia Sodré, sócia da MCS Markup, que abriu o debate introduzindo a composição da mesa.

“A ideia quando montamos esse painel foi convidar pessoas que podem falar de várias perspectivas. Nós somos uma consultoria e auditoria, e temos uma área dedicada a M&A, atuando pelo sell e pelo buy side. E por que não montar um painel 360? Quando falamos de planejar a venda, ouvimos sempre pelo lado do vendedor. Aqui temos as diferentes visões”, explicou Lígia.

No palco, também estiveram presentes Vitor Leme, CFO da CantuStore; Isabella Urnikes, Legal Manager Corporate, M&A and International Markets da TOTVS; e Alexandre Pierantoni, Managing Director da Kroll, que abriu o debate falando sobre a importância de avaliar o momento da empresa em todos os aspectos e toda estrutura sucessória.

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“Quando se pensa em motivadores de venda, tem que olhar a questão da sucessão e o capital para crescimento. A importância principal não é olhar só para o acionista, mas a necessidade da própria empresa. É um desafio que nós temos quando começamos a conversar com nossos clientes: são procurados por um investidor e precisam encaixar isso em sua própria necessidade”, levantou Pierantoni. “Existe uma questão de entender o momento da empresa e não somente do empresário. E aí tem uma visão muito realista de valuation. Quem dá valuation não é a consultoria ou o banco: é o mercado. Não é só seu fluxo de caixa descontado que determina valor; não é só a avaliação de ativos. Tem interessados no momento e é o momento da empresa também? Precificar acaba sendo a parte relativamente mais simples, o grande ponto geralmente reside nos detalhes”, completou.

Na sequência, a moderadora questionou Isabella Urnikes sobre o que torna uma empresa atraente, e o que deve ser olhado, sob perspectiva do comprador, na governança das empresas em negociação, principalmente quando se trata de empresas de menor porte. Segundo Isabella, os três pilares mais importantes são a organização da empresa, transparência no processo e alinhamento estratégico entre as partes.

“É muito importante que seja uma empresa organizada, e em empresas menores às vezes é uma mesma pessoa que faz tudo. Por isso é fundamental contratar um assessor financeiro que ajude a organizar desde o início. É muito bom quando a gente encontra uma empresa que desde o primeiro momento já fez seu dever de casa, mapeou todos os diagnósticos e está tratando suas dores. A transparência também é um ponto central do ponto de vista jurídico, porque é muito ruim encontrar um problema no meio de uma diligência. A relação de transparência começa na negociação”, explicou. “Então além da organização e transparência, tem ainda o alinhamento estratégico. O que eu almejo com essa negociação? Quando se decide vender sua empresa, deve ser feito o check up jurídico para ver se está tudo alinhado e o que você consegue fazer antecipadamente. Este alinhamento estratégico também faz parte desta organização”, declarou.

Questionado sobre o papel dos assessores dando suporte às transações, Vitor Leme defendeu a importância da participação das assessorias, em especial em negociações de maior vulto.

“O assessor tem um papel fundamental, e se não estiver pró-deal, pode atrapalhar bastante. O assessor tem o papel importante de dar notícias duras. E assim eu escolho quais guerras eu quero travar. Seu papel mais importante é o de dizer o que levar para a mesa, o que precisa discutir de fato, para não perder de jeito nenhum”, defendeu, sendo complementado por Isabella.

“O assessor tira o caráter pessoal, emocional, do tema. Se você tem um assessor que filtra a informação, ele coloca a bola no chão e diz: ‘não é nada pessoal, não é nada contra seu negócio, não estou dizendo que o seu negócio não vai acontecer’. Não é nada disso: são ajustes que precisam efetivamente ser mais racionais”, completou.

O M&A Connect foi realizado pela Leaders League Brasil, empresa do Grupo Ficade. O evento ocorreu nesta quinta-feira (3) no Centro Britânico Brasileiro, em São Paulo.