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Negócios & Transações

Quais são os melhores destinos para os talentos das startups?

Escrito por Fabiana Guerra, Sócia e Líder de Mobilidade Global na Drummond Advisors

Os empreendedores imigrantes desempenham um papel central no estímulo à inovação, na criação de empregos, na atração de investimentos estrangeiros e no avanço das economias. Os países da OCDE[1] estão competindo cada vez mais para se tornar o principal destino de talentos empreendedores. Isso levou a um número cada vez maior de países oferecendo vistos de startup direcionados a empreendedores com alto potencial. Esses programas de vistos diferem de outros canais de admissão porque visam os melhores talentos e tendem a privilegiar a qualidade sobre a quantidade, com um processo de seleção criterioso e muitas vezes “caso a caso” e poucos vistos concedidos. Mesmo que o número de fundadores de startups admitidos seja limitado em comparação com o volume de imigrantes altamente qualificados admitidos por outros canais, cada vez mais países estão entrando na competição por fundadores de startups internacionais. Identificar os principais fatores e políticas que atraem os fundadores de startups mais promissores é, portanto, fundamental para os formuladores de políticas que visam atrair esse grupo limitado de talentos globais de alto potencial.

O novo ranking de Indicadores de Atratividade de Talentos da OCDE para fundadores de startups mostra que países com uma forte cultura de inovação e empreendedorismo, como Canadá, Estados Unidos e Reino Unido, estão bem-posicionados para atrair fundadores de startups.

Nos últimos anos, houve um crescente interesse dos países da OCDE em atrair empreendedores estrangeiros para promover a inovação, a criação de empregos e aumentar a competitividade na economia globalizada do conhecimento. A partir de 2010, 22 países da OCDE introduziram programas de vistos específicos para atrair e reter os melhores talentos empresariais.

Apresentamos resumidamente a seguir o ranking dos melhores destinos para os talentos das startups:

Principais Conclusões do Relatório:

  • O Canadá é o país mais atraente para fundadores de startups na OCDE, com pontuações altas em todas as dimensões e um visto de startup que oferece várias vantagens para possíveis fundadores de startups. Ademais, o país vem trabalhando ativamente em melhorias nas políticas migratórias para atração de talentos e desenvolvimento de tecnologias emergentes.
  • Não surpreendentemente, os Estados Unidos também estão entre os principais países com um ambiente de ecossistema de startups muito forte. O quadro da política de migração para os fundadores de startups não é, no entanto, particularmente favorável, uma vez que os cônjuges dos fundadores de startups não têm acesso total ao mercado de trabalho e não existe um caminho direto do visto de startup para a residência permanente.
  • A França tem as políticas mais favoráveis para empreendedores de startups, com oportunidades de financiamento e caminhos para funcionários iniciantes vinculados ao visto inicial do fundador. Os fundadores de startups internacionais também recebem um período relativamente longo para desenvolver seus negócios antes que seja necessária uma alteração no visto.
  • Certos países da OCDE conhecidos por serem fortes hubs de startups, como Japão, Israel e Estônia, encontram-se na extremidade inferior do ranking quando se trata de atrair fundadores internacionais de startups. Apesar de serem conhecidos por terem fortes ambientes de startup com bom acesso a capital de risco e infraestrutura de startup bem desenvolvida, a sua classificação é penalizada pelas barreiras com que se deparam os empreendedores de startup em fase de arranque, sobretudo no que diz respeito às perspectivas de passagem do visto de startup para a residência permanente, e pelo fato de os familiares serem admitidos apenas como visitantes sem acesso ao mercado de trabalho.
  • As economias europeias menores, como Irlanda e Portugal, estão em desvantagem geral nas dimensões de qualidade de oportunidades com um número limitado de empresas de bilhões de dólares, mas sua classificação é impulsionada por outras vantagens, como sistemas fiscais favoráveis (por exemplo, generosos subsídios fiscais para Pesquisa & Desenvolvimento e, no caso da Irlanda, baixo imposto sobre as sociedades), baixo custo de vida (Portugal) e pontuações elevadas nas dimensões Perspectivas de Futuro e Inclusão.

Fica bastante claro pelo relatório como as barreiras nas políticas de vistos e admissão estão desempenhando um papel importante na explicação das posições dos países no ranking. Na verdade, quase metade dos países da OCDE incluídos no ranking seria capaz de diminuir a diferença para o país de melhor desempenho adotando políticas de migração mais favoráveis voltadas para fundadores imigrantes de startups. Tal estrutura política implica alinhar as políticas de visto para startups com outras políticas de imigração voltadas para estudantes e funcionários altamente qualificados.

Para acessar o conteúdo completo do relatório Indicadores de Atratividade de Talentos da OCDE (somente disponível em inglês) clique aqui.

[1] A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é uma organização internacional composta por 38 países: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Colômbia, Coreia do Sul, Costa Rica, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estados Unidos, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia,  Israel,  Itália, Japão, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, México, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Suécia, Suíça e Turquia.

 

Fabiana Guerra é Sócia e Líder de Mobilidade Global na Drummond Advisors.