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Inovação & PI

‘O ecossistema de inovação brasileiro ainda tem muito para crescer’

Orlando Cintra é fundador e CEO do BR Angels. Nesta entrevista, ele conta detalhes sobre o surgimento da associação, as transformações no mercado nos últimos anos e suas perspectivas.

O que o inspirou a fundar o BR Angels?

O ano era 2019. A fundação do BR Angels nunca foi planejada, mas partiu de uma necessidade e iniciativa da minha parte em criar um pool simples de pessoas para completar rodadas de investimento, só isto!

Muitas amigas e amigos, maioria CEOs e executivos de grandes empresas, me buscavam perguntando como era investir em startups, se era algo fácil, como poderiam ajudar não só com seu capital financeiro, mas com sua experiência. Eu já tinha um portfólio de startups investidas, portanto pensei: “Existe uma imensa oportunidade aqui de fazer investimento-anjo de forma mais estruturada, com pessoas diferenciadas, e tentar engrandecer o ecossistema. Por que não?”. Foi assim que o BR Angels iniciou. Sempre digo que o BR Angels nunca existiria se não fosse o apoio de tantas pessoas diferenciadas, principalmente as que acreditaram no projeto na época.

 

Quais mudanças você pode perceber no ecossistema brasileiro de empreendedorismo e inovação nestes últimos 5 anos?

Existiu uma fase de euforia exacerbada, o que nos mostra que extremos nunca são positivos. Agora, estamos vivendo uma fase mais cadenciada, de maior amadurecimento, o que é muito positivo. Os investimentos em early stage nunca pararam nestes 5 anos, porém sentimos uma desaceleração grande nas rodadas maiores. Claramente, a partir de 2024, estas rodadas começam novamente a se movimentar, o que demonstra meses e anos promissores pela frente.

O provérbio “mar calmo não faz bons marinheiros” nunca caiu tão bem para este momento. E é agora que teremos excelentes marujos navegando os mares do ecossistema.

 

E hoje, qual seria a principal missão da associação?

O investimento-anjo com aporte de capital e muito SMART como diferencial é a principal missão, porém buscando sempre contribuir positivamente para todo ecossistema. O ecossistema de inovação brasileiro ainda tem muito para crescer e esperamos ajudar no que pudermos, de forma humilde e profissional. Atuar mais próximo com instituições como Sebrae e institutos como Caldeira está entre nossas prioridades.

 

No atual cenário, como você avalia o papel dos investidores anjos no nosso ecossistema de investimentos?

Fundamental. O empreendedor no early stage precisa de dinheiro, aconselhamento, orientação, atenção e suporte. Tudo isto nós oferecemos com pessoas que ocupam ou já ocuparam posições de Presidente, CEO, Board Member ou Chairman. Estar 20 minutos conversando abertamente com uma destas pessoas não tem preço. Já tivemos startups não investidas pelo BR perguntando se poderiam pagar para ter acesso, mas este não é o nosso modelo.

 

Quais características mais observadas nas startups por parte dos investidores?

Sempre buscamos empreendedores fantásticos, apaixonados e com alta capacidade de execução. Um dos pontos que recorrentemente notamos é a dificuldade de executar vendas na maioria das startups. Crescer o negócio é fundamental. Se você não cresce, entra em um círculo vicioso, tem que cortar custos e levantar capital sem bons fundamentos.

Crescer, através das vendas, é fundamental. A startup que não tem capacidade de fazer isto tem um grande problema, e é algo que estamos avaliando muito de perto em toda nova investida do BR Angels, além de buscar fornecer um SMART diferenciado para toda nossa base.