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'Observa-se uma evolução no mercado da perícia com mais mulheres sendo nomeadas'

Alessandra Ribas Secco é sócia líder do Ribas Secco Escritório de Perícias e ficou posicionada na 4° posição da lista Corporate & Finance Leading Women. Durante a entrevista, ela comentou sobre o atual espaço das mulheres no mercado de perícias, sua carreira, além de um panorama da prática de resolução de disputas para o próximo ano

Como descreveria as particularidades da sua atuação em perícia contábil?

Iniciei minha atuação na Perícia Contábil em 2002, em uma empresa de perícias, em 2009, comecei minha atuação solo e em 2012 fundei a Ribas Secco Escritório de Perícias, após 20 anos, meus sócios, minha equipe e eu priorizamos compreender quais são as necessidades do nosso cliente. No caso do cliente empresa/advogado, atuando como assistente técnica, temos a oportunidade de ter uma conversa mais próxima para compreender o problema e contribuir com soluções que podem ir além do que eles mesmos estão vendo, ou, no mínimo, devido a nossa atuação como perita judicial e arbitral, informar e esclarecer quais são os pontos sensíveis que precisam ser observados, porque serão objeto de contestação pela parte contrária.

Em muitas situações, os advogados precisam tirar uma dúvida, conversar com o cliente, revisar uma peça jurídica, a personalização e à disponibilidade contribuem com o desenvolvimento do trabalho dos advogados, e assim, estando próximos deles podemos suportá-los nestes aspectos.

Outra particularidade que contribui com nossa atuação é o relacionamento com os pares. Manter uma conversa com as peritas e peritos, seja da área contábil como as demais áreas, faz com que possamos ampliar os horizontes sobre as técnicas, contribuir com o desenvolvimento das provas periciais, porque entendemos que, seja o perito indicado pelo juiz/tribunal, seja os assistentes técnicos, todos somos responsáveis tecnicamente pela produção da prova e a troca de ideias influencia favoravelmente para o resultado.

Na sua avaliação, qual o panorama da prática de resolução de disputas para o próximo ano?

Os métodos adequados de resolução de disputas estão cada vez mais sendo escolhidos pelos jurídicos internos das empresas e os advogados que os assessoram. Os principais fatores são o custo e o menor tempo para a solução dos conflitos. O Judiciário, às vezes, gera incerteza sobre o futuro e desestabiliza os negócios, por isso, um novo mundo vem se abrindo para as mediações, apoiado pela Lei nº 13.140 de 2015. As próprias câmaras de arbitragem quando divulgam seus números demonstram anualmente crescimento considerável. Com isso, a produção de provas periciais cresce junto com a abertura de novos procedimentos. Ademais, a entrada de empresas estrangeiras para atuarem nas disputas como Charles River Associates e Epiq concretiza o avanço da resolução de grandes disputas e a necessidade de profissionais técnicos qualificados na área. Diante desses fatores, o panorama se mostra favorável para aqueles que atuam nesta área para o próximo ano.

Quais são as áreas mais aquecidas e promissoras?

Quanto às áreas na Arbitragem, as disputas estão relacionadas fortemente à infraestrutura, seguida de perto por questões societárias envolvendo empresas de diversos tamanhos e setores. No setor da infraestrutura/construção civil, um método que vem ganhando campo é o Dispute Board. Pois o comitê é formado e atua durante o andamento da obra, praticamente um arquivo vivo do que acontece durante a construção, e, de forma isenta, fundamentada e com base em documentos contemporâneos contribui para a resolução de problemas ou disputas mais relevantes.

Outro método de resolução de disputas que está em destaque, na minha opinião, é a mediação. Até mesmo na esfera judicial, as tentativas de conciliação são uma forma de antecipar a resolução da disputa. Na busca por resoluções mais rápidas e eficientes, a mediação torna-se um meio relevante e diferenciado como uma excelente opção, principalmente, para as empresas.

Quais os principais desafios para as mulheres no mercado de perícias?

Acredito que os desafios são os mesmos de outros mercados. Tornam-se mães mais tarde, porque não querem perder oportunidades de trabalho; remuneração menor do que seus pares; base com muitas mulheres e no topo muito mais homens; machismo estrutural. Contudo, observa-se uma evolução no mercado da perícia com mais mulheres sendo nomeadas peritas, liderando equipe de empresas internacionais, publicando livros, ou seja, uma revolução aparentemente silenciosa, mas que confirma a igualdade de competências entre mulheres e homens. O caminho das mulheres na perícia já está trilhado e, como os homens, a conquista do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional contribuirá para proporcionar ao mercado profissionais cada vez mais engajados/entusiasmados com um bom ambiente de trabalho e soluções adequadas aos seus clientes.