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'No início da minha carreira, a maior parte do mercado financeiro era de homens, o que atualmente vem mudando'

Letícia Costa é sócia da Vinci Partners, gestora que ocupa posição de liderança nos rankings de Private Equity e Fundos Imobiliários da Leaders League. Sua trajetória a levou à 43ª posição na lista Corporate & Finance Leading Women. Na entrevista, ela faz uma leitura do atual cenário de investimentos no Brasil e as perspectivas para o próximo ano.

Como você descreveria os diferenciais da sua atuação na Vinci Partners?

Comecei a trabalhar no mercado financeiro na década de 90, logo após a implementação do Plano Real. Apesar de ter começado como trainee e passado por diferentes áreas e instituições, sempre tive a certeza de que minha carreira seria voltada para a área comercial. Hoje trabalho como sócia de uma das principais áreas de relacionamento com investidores, sendo um importante elo dos nossos clientes com as áreas de gestão da Vinci. A Vinci é uma referência em investimentos alternativos no Brasil e para exercer esta função é fundamental conhecer bem nossos investimentos, mas principalmente conhecer bem as pessoas, para que os objetivos de ambos os lados sejam atingidos. Um dos nossos pilares é que sócios são clientes e clientes são sócios e para isso acontecer é preciso muita ética, transparência, diálogo e dedicação aos relacionamentos. Acredito que o meu principal diferencial é trabalhar todas essas relações de forma dedicada, natural e espontânea.

Quais são os maiores desafios para as mulheres que atuam em fundos de investimento?

No início da minha carreira a maior parte do mercado financeiro era de homens, o que atualmente vem mudando e gradualmente. Vejo cada vez mais mulheres ganhando espaço, tanto em cargos societários, como de liderança. Acredito que o maior desafio é entender que homens e mulheres são diferentes, mas podem exercer as mesmas funções, cada um do seu jeito, sem querer copiar um estilo ou outro porque até então eram mais dominantes.

Como você avalia o atual cenário do setor de investimentos no Brasil?

Nos últimos dois anos a necessidade de trazer a inflação de volta para a meta fez com que o mercado operasse com taxas de juros reais entre 7 e 8%. Esse cenário de juro real elevado pressionou para baixo o preço dos ativos em geral: bolsa, fundos imobiliários…  A incerteza política também ajudou a depreciar mais esses ativos. No momento existe uma grande quantidade de ativos de qualidade com preços muito baratos em função dos juros reais muito elevados. Em outras palavras, o CDI dominou as alocações de investimentos.

E quais as perspectivas para o próximo ano?

Com as taxas de juros em níveis altos por dois anos e com a gradual apreciação do Real (muito em função do saldo crescente da balança comercial brasileira), a inflação finalmente começa a dar sinais significativos de queda. Essa perspectiva de queda de juros chega num momento em que os ativos estão em preços atrativos. Os principais ativos de risco devem mostrar altas expressivas em consequência da queda de juros esperada. Em geral esses períodos de queda de juros acabam por gerar um ciclo virtuoso, na medida em que menos juros também tendem a acelerar o crescimento econômico, melhorando o resultado das empresas. Com a queda de juros os investidores devem sair progressivamente do conforto do CDI e voltar a tomar risco.