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Inovação & PI

'Nem todas as transações e clientes apresentam o mesmo nível de risco"

Monica Leite, Chief Legal & Compliance Officer na Cora, concedeu uma entrevista exclusiva para o Decisor Brasil abordando sobre o programa de compliance da Cora, prevenção à lavagem de dinheiro e adaptação da empresa para as novas tendências do mercado

Quais são as principais especificidades da estruturação de um programa de compliance em uma empresa como a Cora?

Como instituição financeira regulada e supervisionada pelo Banco Central do Brasil, a Cora tem um programa de compliance robusto e compatível com sua natureza de Sociedade de Crédito Direto (SCD).

Um dos principais desafios enfrentados pela Cora ao estruturar seu programa de compliance foi estabelecer uma cultura de compliance que fosse disseminada e efetivamente assumida por toda a empresa. Para facilitar o engajamento de outros times da Cora, usamos a tecnologia ao nosso favor: implementamos plataformas fáceis de usar, aplicamos treinamentos que se conectam com o dia a dia dos colaboradores e disponibilizamos  políticas, manuais e códigos de maneira simples e acessível.

Além disso, na Cora, cada membro da equipe de compliance atua como parceiro de pelo menos uma área de negócios, como marketing, CX, people, etc., facilitando a comunicação com os clientes internos e garantindo a aderência regulatória dos produtos, procedimentos e políticas da instituição.

Como a área de compliance da Cora conduz tópicos como canal de denúncias e investigações internas? 

A Cora possui um canal de denúncias no qual seus colaboradores, bem como terceiros, podem relatar condutas inadequadas. Esse canal é seguro e oficial, permitindo que as denúncias sejam feitas de forma anônima ou identificada, de acordo com a preferência do denunciante. O canal de denúncias assegura o anonimato e confidencialidade de todas as informações e a Cora possui uma política de não retaliação contra aqueles que realizam as denúncias. Todas as denúncias recebidas são investigadas por um Comitê multidisciplinar formado por colaboradores devidamente capacitados. Esse Comitê é responsável por conduzir as apurações de maneira autônoma e imparcial.

Semestralmente, a Área de Compliance é responsável por elaborar e apresentar para a Diretoria da Cora um relatório contendo os principais indicadores relacionados aos Relatos recebidos através dos Canais de Comunicação da instituição.

Quais são as principais tendências identificadas na área de compliance para a prevenção de lavagem de dinheiro?

A prevenção de crimes financeiros e de lavagem de dinheiro é prioridade para a Cora. Existe uma tendência de mercado em que a prevenção de crimes financeiros e de fraudes caminhe em direção à integração. Se por um lado, essa prática exige uma abordagem cuidadosa para garantir compatibilidade com o arcabouço regulatório, por outro, aumenta as probabilidades de prevenção.

Na Cora, acreditamos que a melhor forma de lidar com esse cenário é fazendo o bom uso da tecnologia. Utilizamos tecnologia de ponta tanto para a abertura de contas como para o monitoramento de transações atípicas. Por exemplo, a Cora possui um processo de abertura de contas extremamente rápido, mas sem perder de vista a segurança e diligência exigida pelos processos de PLD. A implementação de soluções tecnológicas eficientes e atualizadas é essencial para identificar padrões suspeitos e mitigar riscos de lavagem de dinheiro.

Também entendo que o uso combinado de inteligência artificial com supervisão humana na automação de procedimentos de PLD pode ser extremamente benéfico, principalmente em análises comportamentais. Contudo, a IA deve ser utilizada de forma ética. Acredito que a  IA tem o potencial de revolucionar a prevenção à lavagem de dinheiro, mas sempre com supervisão humana adequada.

Além disso, é importante reforçar que é fundamental contar com profissionais altamente qualificados para realizar os monitoramentos que derivam para análise manual, para tomar decisões relacionadas ao reporte de operações suspeitas e para conduzir o encerramento de relacionamentos com clientes envolvidos em tais operações.

Como a empresa está se adaptando a essas tendências em sua abordagem de compliance?

Usamos uma abordagem baseada em risco no programa de compliance da Cora. Reconhecemos que nem todas as transações e clientes apresentam o mesmo nível de risco, e, portanto, direcionamos nossos recursos e controles para áreas de maior risco. Essa abordagem nos permite ser mais eficientes e eficazes na identificação e mitigação de potenciais atividades suspeitas.

Além disso, a Cora vem implementando a utilização de inteligência artificial em seus processos de monitoramento, sempre com supervisão humana adequada. Com essa tecnologia, somos capazes de aumentar a produtividade e a assertividade na detecção de operações suspeitas.

A complexidade do ambiente financeiro e a inventividade dos criminosos e fraudadores exige um programa robusto e em constante evolução. Nossa área de Compliance, assim como toda a Cora, está comprometida em utilizar as melhores práticas e tecnologias inovadoras para fortalecer a sua atuação.