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Pessoas & Gestão

‘Mulheres representam 61% de todo nosso time e 55% dos gestores’

Sarita Vollnhofer é CHRO da Alice, empresa inovadora voltada para planos de saúde para empresas. Nesta entrevista, ela aborda temas como licença maternidade e paternidade, participação feminina em cargos de lideranças e outros.

Como a área de Recursos Humanos da Alice aborda o recrutamento deforma a garantir uma representação equitativa de gênero na equipe?

Desenhamos e implementamos processos, fluxos e mecanismos para prever e corrigir padrões do mercado para trazermos mais equidade, inclusive de gênero, na Alice. Hoje, as mulheres representam 61% de todo nosso time e 55% dos gestores. Além disso, 85% dos nossos chapters (áreas internas) são compostos por, pelo menos, 50% de mulheres. Em áreas com menor representatividade de mulheres, como o time de Engenharia, por exemplo, é comum divulgarmos vagas afirmativas para mulheres. Mas sabemos que ainda podemos fazer mais, estamos em constante evolução.

Pensando nisso, temos a Liga Magenta, que rege os grupos de afinidade de mulheres, LGBTQIAP+, negros, entre outros. Em 2021, aderimos ao Pacto de Promoção da Equidade Racial e aos Princípios de Empoderamento das Mulheres estabelecidos pelo Pacto Global da ONU e pela ONU Mulheres. Todas as nossas ações pensadas para diversidade de gênero, inclusive as de recrutamento, têm como norte as diretrizes propostas pela organização.

 

Quais oportunidades a empresa oferece para o desenvolvimento profissional das mulheres na organização?

Como desde o começo da empresa desenvolvemos estratégias dentro de nossos processos internos para que a igualdade de gênero estivesse presente, não há uma diferença salarial entre os gêneros no mesmo cargo ou em termos de desenvolvimento de carreira. Nos preocupamos, genuinamente, em ter um número de profissionais em equidade de gênero, estruturando nosso plano de cargos e salários, e processo de avaliação de performance e promoção, para que isso esteja em vigor.

Temos, também, os grupos de afinidade da Alice, garantindo mais representatividade do nosso time, com lugar de fala para que todas as vozes sejam ouvidas. Esses grupos são formados por Pitayas, como chamamos nossos profissionais, com interesse ou objetivo em comum, que agem em conjunto por um propósito e auxiliam em ações voltadas para a questão da representatividade, diversidade e inclusão dentro da empresa.

Como exemplo, temos o grupo de mulheres “As Magentas”, que conta com uma agenda recorrente, a cada 2 meses, focada no desenvolvimento e fortalecimento das Pitayas por meio de rodas de conversa com referências internas ou externas, onde abordamos assuntos como liderança, maternidade, superações etc. Outro exemplo é o de mulheres engenheiras, que nasceu espontaneamente como um movimento em busca de representatividade de gênero na área de engenharia.

Como estamos em constante evolução, em breve lançaremos um programa de mentoria para auxiliar mulheres que atuam na área de tecnologia, e vamos continuar expandindo nossos pactos em prol da diversidade, igualdade e inclusão.

 

Como as peculiaridades da saúde da mulher são tratadas nas políticas internas de saúde da Alice?

Temos alguns benefícios que consideram as particularidades da saúde – e da vida – das mulheres. Oferecemos uma licença maternidade estendida de seis meses – que chamamos de presença maternidade, pois é sobre estar presente em um momento tão importante – que pode ser iniciada 2 semanas antes da data prevista de nascimento ou adoção.

Nela, estabelecemos dois modelos entre os quais a mulher pode escolher, buscando trazer mais flexibilidade para contextos e preferências de cada família: 6 meses de licença integral ou 4 meses e 2 duas semanas de licença integral, com retorno em meio-período nas primeiras 10 semanas após a volta.

Uma curiosidade é que temos, também, uma presença paternidade de 1 mês, pois entendemos que, desta forma, mulheres conseguem ter um pouco mais de suporte de seu parceiro. Inclusive, durante este período de presença maternidade e paternidade, não descontamos o Caju (oferecemos como benefício flexível, que os Pitayas alocam como preferirem) e não paramos o vesting das opções de ações.

Ainda pensando nas mamães, também temos uma sala de amamentação no escritório para que nossas lactantes se sintam mais confortáveis no momento da amamentação ou retirada de leite.

Outros exemplos se aplicam a todos os Pitayas, mas são igualmente importantes. Além de termos 30 dias úteis de férias que podem ser tirados e divididos da maneira que a pessoa preferir – naturalmente, sempre em alinhamento com o gestor –, nós operamos no modelo remote-first, que permite a escolha entre trabalhar de casa ou no nosso escritório, que está sempre aberto. Isso faz com que as pessoas consigam se organizar melhor e se dividir entre sua vida profissional e pessoal.

Por último, mas não menos importante, a Alice é o plano de saúde dos nossos Pitayas. Um exemplo do cuidado da Alice com as mulheres é a nossa jornada da gestante onde, desde o pré-natal, as grávidas são assistidas por um Time de Saúde e acompanhadas por um profissional obstetra e uma obstetriz. Esse acompanhamento e proximidade dos profissionais durante a gestação garantem muito mais conforto e cuidado para que, no fim, o parto seja do jeito que a mãe deseja – hoje, já vemos ótimos resultados dessa iniciativa.

 

E qual a sua leitura dos avanços das conquistas das mulheres no mercado de trabalho e na sociedade como um todo?

Na minha visão, é indiscutível que houve avanços significativos nas conquistas das mulheres no mercado de trabalho e na sociedade em geral, o que não significa que não existem diversos desafios que ainda precisam ser superados, principalmente, a depender do país e de sua respectiva cultura.

Algumas evoluções que merecem ser destacadas são: aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho em geral, inclusive em posições de liderança e em áreas como tecnologia, engenharia, ciência e matemática – historicamente dominada por homens; crescimento da consciência sobre disparidade salarial e fortalecimento da luta por equidade; maior conscientização e debate sobre questões de gênero, dentro e fora do ambiente de trabalho, como assédio sexual, violência doméstica e discriminação.

Por outro lado, é evidente que ainda temos muito para evoluir, em especial quando olhamos para recortes raciais, sociais e culturais. A jornada dupla – ou tripla – de trabalho; a falta de licença parental remunerada e adequada; a divisão das tarefas domésticas e familiares, e um maior equilíbrio em posições estratégicas e de liderança são apenas alguns dos muitos pontos que precisam de atenção.

Acredito que é papel de todos nós contribuir para uma sociedade melhor, mais justa, igualitária e inclusiva.