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Negócios & Transações

Marketing jurídico: reputação e confiança como elos principais

É primordial que as bancas utilizem a área para traduzir o seu DNA e reforçar seu olhar para as pessoas. Autoria de Laura Buttarello, diretora de Marketing e Experiência do Consumidor do /asbz

Não é de hoje que as empresas se preocupam com a sua reputação. Em um mundo cada vez mais conectado e antenado, as relações geram negócios e vice-versa. Segundo dados da Repcom, evento da FSB Holding sobre futuro da comunicação e reputação, 81% dos consumidores apontam a confiança como o fator fundamental para decisões de negócio.

A credibilidade tem preço e é percebida como um diferencial agregado. Ela é um ativo construído dia após dia, por meio do atendimento de qualidade e da resolução eficaz dos desafios do mercado. Clientes satisfeitos, que experimentam um atendimento diferenciado, tendem a recomendar os serviços, criando um ciclo virtuoso de fidelização. Esse efeito se intensifica quando a atuação técnica é acompanhada por uma abordagem empática e transparente, seja por meio de conteúdos que refletem a história e os princípios da empresa.

Embora para muitas companhias isso seja uma realidade há décadas e um assunto amplamente difundido em sua cultura, para os escritórios de advocacia esse contexto é relativamente recente, iniciado oficialmente apenas em 2021, com o Provimento 205/2021 da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que estabeleceu as diretrizes legais e éticas sobre a tão necessária publicização nas bancas jurídicas.

Surge então um novo nicho de gestão de marcas, pautado sobretudo na construção de relacionamentos, concedendo aos profissionais de marketing a oportunidade para traçar um planejamento estratégico abrangente que valoriza a história, o DNA dos escritórios de advocacia e acima de tudo o seu principal “produto”: os seus advogados.

É preciso deixar evidente que são os advogados os grandes responsáveis pelas conquistas, que brilham o olho dos clientes e ajudam as bancas a atuarem de forma sólida em um ambiente com tanta imprevisibilidade. Pode parecer ainda óbvio, mas são raros os espaços em que as pessoas estão no centro de tudo e que de fato o time seja visto como um dos seus principais ativos em uma estratégia de comunicação. Eles fazem parte da marca. São defensores e embaixadores para os clientes e passam uma impressão e uma percepção, que deve ser difundida.

Porém, para que tudo isso tenha êxito, é necessário que tenha havido uma construção de branding dentro para fora, descortinando o verdadeiro sentir dos seus profissionais, para que seja possível transmitir um sentimento genuíno, que reflita o seu “DNA”, para que de fato se transformem em um ativo valioso na comunicação. Hoje, cada vez mais, é possível separar a essência daquilo que se pratica, daquilo que está sendo “fabricado”. Por isso, é tão importante o ecossistema e o lifestyle dos escritórios, que guia a discussão entre o que parece ser e o que efetivamente é.

Segundo dados da OAB, há no Brasil mais de 1,4 milhão de advogados registrados, um recorde histórico, sendo que 41% deles enxergam no marketing jurídico a principal estratégia para captar e fidelizar novos negócios, de acordo com os dados do Censo Jurídico de 2023 do Conselho Nacional de Justiça. Criar espaços em que os clientes possam entender também que fazem parte deste todo contribui para estreitar laços ainda mais fortes, construindo verdadeiras redes de conexão.

Cada vez mais eles buscam empresas parceiras que estejam conectadas aos seus valores, princípios e propósitos, para juntos construírem de fato uma comunidade de pertencimento diferenciada. Para isso, é preciso a verdade, a raiz, trabalhar os seus diferenciais e manter alinhamento entre narrativa e ação.

No /asbz, desde a sua fundação em 2011, criou-se um modelo de negócio colaborativo, baseado na construção de um ambiente de trabalho pautado no olhar genuíno ao outro. Para isso, alguns processos foram repensados, como o próprio modelo tradicional de avaliação dos profissionais, surgindo diversas iniciativas pioneiras que foram traduzidas e hoje são sentidas na nova logomarca.

Quando se reformulou a identidade visual do escritório em 2022 para a atual, por exemplo, pensou-se em uma nova proposta que conversasse com a maneira como a banca se relaciona com seus stakeholders. Toda a estratégia foi pensada na filosofia Ubuntu, de origem africana, que busca o sentido do “eu” por meio da conexão com o próximo. A partir disso, o /asbz apresentou uma nova redação para o seu propósito e reforçou a importância de transcender as palavras, do relacionamento genuíno e do desenvolvimento humano em sociedade.

Essa identidade, construída a partir de um entendimento profundo do propósito de marca, consolidou-se por meio de mensagens coerentes que evidenciem a especialização e a qualidade dos serviços prestados. A percepção de valor, fundamentada em uma visão estratégica, permite às bancas transmitir sua expertise e os valores que norteiam sua atuação. Ao elaborar mensagens que reforcem sua relevância no tema, criam notoriedade em decisões e possibilitam traduzir de forma clara e objetiva temas jurídicos à sociedade, conquistando confiança, cada vez mais essencial no cenário atual.

O marketing jurídico deve ser encarado como um exercício de transparência, cujo objetivo é facilitar a compreensão do direito e dos processos legais. Essa postura fortalece a percepção do escritório como uma instituição humanizada e profissional.

Por isso, vale o reforço: o branding nas bancas de advocacia é vital para a construção da reputação dos escritórios e da consolidação da sua posição no mercado a médio e longo prazo. Ao concentrar esforços na mensagem e na construção de uma imagem pautada nas competências do escritório e na transparência, é possível não só atrair novos parceiros, mas estabelecer relações de confiança duradouras. Isso cria novas fronteiras de negócio e reforça a conexão em comunidade com clientes, sociedade e times. Investir na comunicação jurídica fortalece o posicionamento no mercado, garante destaque em um ambiente cada vez mais exigente e impulsiona o crescimento e a consolidação da credibilidade institucional.