Todos sabemos que a Reforma Tributária já deixou seu campo teórico há algum tempo. Questão que fica, no entanto, é: todas as empresas estão avaliando os impactos práticos dessa substancial alteração do sistema tributário brasileiro? As lideranças estão cientes dos desafios e reflexos nas áreas de negócios, para apoiar tomadas de decisões, direcionando, com efetividade, as adaptações que devem ser realizadas na sua empresa, bem como cobrando resultados?
Na prática, temos visto preocupação das áreas fiscal, contábil, financeira, comercial e jurídica, mas ainda pouco envolvimento de CEOs e dos Conselhos de Administração, seja porque entendem que a reforma ainda não está plenamente vigente, uma vez que estão pendentes muitas normas regulamentadoras, seja pelo sentimento de que seu impacto integral e efetivo ocorrerá apenas em 2033. Há de se atentar, no entanto, para as inúmeras repercussões da reforma durante o seu período de transição.
A coexistência de dois regimes durante a transição (o antigo e o novo), a nova sistemática de creditamento do IBS e da CBS (ampla e com a implementação de um sistema de apuração de crédito/débito no pagamento, o denominado split payment) e a tributação com base no destino requerem, por certo, uma visão holística do tema da reforma dentro das empresas, já que ela impacta diretamente desde as áreas de RH, supply chain, tecnologia, até os setores financeiros, contábil, fiscal e jurídico.
Assim, as empresas devem reavaliar inúmeras premissas anteriormente fixadas, tais como cadeia de suprimentos, contratos e precificação, para analisar como essas significativas mudanças alteram ou não a sua margem de lucro e/ou a sua precificação. Vivemos um momento estratégico do ponto de vista de gestão, razão pela qual fechar os olhos para todas essas mudanças significa assumir o risco de sofrer efeitos indesejados no fluxo de caixa, no resultado operacional, no EBITDA, bem como no modelo de negócio vigente.
Não há dúvidas de viveremos momentos de incertezas e de certa insegurança por conta das inúmeras mudanças ocorridas no sistema tributário. Contudo, aqueles que antes iniciarem suas análises e estudos, atravessarão uma maré mais favorável. É hora de colocar a reforma na ponta do lápis e deixar de apenas elucubrar sobre os seus efeitos práticos. A reforma é, pois, tema da alta gestão, que deve acompanhá-la de perto para conferir a estabilidade e resiliência necessárias para a empresa atravessar esse período.