O Madrona Advogados promoveu, na noite desta terça-feira, o painel “M&A: Panorama Geral”, na sala Transactions & Deals da 6ª edição do Finance & Law Summit and Awards (Filasa), realizado no WTC Events Center, em São Paulo. O escritório, que patrocina o evento desde a primeira edição, foi representado por seus sócios Luciana Felisbino e Roberto Pary.
Felisbino iniciou destacando a importância de compreender os diferentes perfis envolvidos em cada transação. “O M&A é conhecer os stakeholders que estão ali. No final do dia, você tem diversas condições de M&A dependendo da contraparte”, afirmou.
Em tom bem-humorado, ela comentou como simplifica seu trabalho para pessoas que não estão acostumadas com alguns termos e método de trabalho. Além de comparar o M&A como um esporte coletivo.
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“Quando falo para a minha mãe, ela sempre fica em dúvida, e eu resumo que brinco de comprar e vender empresas — é uma forma lúdica que ela entende. O mais bacana de fazer M&A é justamente atuar nas situações mais adversas possíveis. Os stakeholders são diferentes, o objeto é diferente, compradores e vendedores são diferentes, e a situação é diferente. A beleza do M&A é que cada transação é uma transação. “O M&A é um jogo de frescobol, que só dá certo se a gente acertar o passe da bolinha um para o outro. É importante conhecer seu parceiro no final do dia.”
Ao analisar o cenário atual, Felisbino fez um alerta sobre o atual momento de alta de juros no país.
“O ambiente macroeconômico que a gente vive impacta o apetite de compra e venda. O ano de 2025 está desafiador. O cenário como um todo tem uma taxa de juros elevadíssima, 15% ao ano. O Copom aumentou de novo. Esse cenário de juros altos rema contra.”
Pary reforçou a análise. “A gente vê que é um ciclo de alta. A cada reunião, o Copom reforça que, caso haja sinais de convergência com a meta de inflação, eles vão mudar para o ciclo de baixa — mas também avisam que não têm receio de manter esse ciclo de alta.”
Influência internacional e oportunidades para o Brasil
O sócio também destacou os efeitos do ambiente externo sobre os fluxos de capital, principalmente destacando o momento enfrentando com as decisões estadunidense em relação a economia.
“Há uma grande influência da economia fiscal dos EUA, o que muda um pouco o fluxo externo de capitais. Isso não é necessariamente ruim para países como o Brasil. Apesar de todas as incertezas, rumos e riscos — que são difíceis de avaliar com precisão — sempre que há algum capital deixando de investir nos EUA, abrem-se chances para países emergentes, como o Brasil, receberem esses investimentos.”
Segundo Pary, esse movimento já está sendo perceptivo não só entre os players que já estão acostumados com os momentos de instabilidade brasileiro.
“Notamos cada vez mais investidores estrangeiros. Em grande parte, são players tradicionais, mas não dá para desconsiderar que isso também pode estar relacionado a esse fluxo de capital que não terá mais os Estados Unidos como destino.”
Felisbino complementou: “As companhias que já estão no Brasil, que conhecem o país e sabem que historicamente há dificuldades, aumentam essa exposição. Então, a exposição à moeda e esse fluxo vindo dos EUA ajudam no final do dia.”
Perfil de investidores em meio a alta dos juros
Por outro lado, Pary pontuou uma diferença entre os perfis de investidores estratégicos e os financeiros, que no final do dia acabam enfrentando maiores dificuldades no momento de venda ou saída de uma empresa
“Para o investidor estratégico, esse movimento é um incentivo. Para os investidores financeiros, não necessariamente. Isso porque o câmbio está relacionado ao período de maturação e saída do investimento. Então, se na entrada o deal pode ficar mais barato, na saída pode matar a rentabilidade.”
Para ele, a expectativa da inflação também tem papel relevante na estratégia do Copom. “Se você der uma olhada no último boletim Focus, ele está com viés de alta para 2025, 2026 e 2027. Enquanto isso, o IPCA tem viés de baixa. Então, nem tudo está perdido — os analistas do mercado estão observando todos os cenários possíveis de mudança.”