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'Conforme o mundo e o mercado mudam, as normas precisam se adequar'

Poliana Hespanhol é sócia da IRKO, sendo mencionada nos rankings de Auditoria e IPO Readiness da Leaders League Brasil. Ocupando a 36ª posição na lista Corporate & Finance Leading Woman, ela fala sobre as inovações e tendências para o setor de auditoria e a importância da gestão do time nesta prática.

Como descreveria as particularidades da sua atuação em auditoria?

É uma área que requer muito conhecimento técnico, estudo/atualizações frequentes de temas da área de auditoria, contabilidade e conhecimento gerais, além de habilidades comportamentais, facilidade de adaptar-se aos ambientes, controlar o tempo, gerenciar equipes e as expectativas dos clientes.

Auditoria é uma área de serviços, então é fundamental saber se relacionar com as pessoas.

Na parte de gestão de equipes, cada vez mais percebo o quanto é importante manter profissionais confiáveis e engajados ao nosso lado. Isso garante um ambiente saudável e produtivo para ambos os lados. É essencial saber reconhecer as qualidades e ser empático para entender as dificuldades dos profissionais. Assim, é possível ajudá-los a desenvolverem o seu potencial, em busca de seu crescimento individual e, consequentemente, do da própria empresa.

Quais são as perspectivas para o setor?

As perspectivas para o setor de auditoria externa podem ser influenciadas por várias tendências e fatores que evoluem ao longo do tempo. A questão do porte da empresa de auditoria também influencia. De forma geral, algumas tendências que afetam o setor, em especial as pequenas e médias empresas de auditoria, são:

– Maior regulamentação: O setor de auditoria tem enfrentado maior regulamentação nos últimos anos, com a necessidade de atender padrões rigorosos de qualidade e independência. A tendência é haver uma regulação cada vez mais intensa, uma vez que os reguladores buscam mais transparência e confiabilidade nas auditorias;

– Tecnologia e automação: A tecnologia tem desempenhado um papel crescente na auditoria. Ferramentas de análise de dados, inteligência artificial e automação vêm sendo utilizadas para melhorar a eficiência das auditorias, permitindo análises mais abrangentes de grandes conjuntos de dados, elaboração de relatórios mais analíticos e diretivos para tomada de decisão e identificação de falhas de processos. À medida que a tecnologia continua a evoluir, é possível que surjam novas ferramentas e abordagens que impactem a auditoria externa de maneiras imprevisíveis.

– Mudanças nas normas contábeis: As mudanças nas normas contábeis podem afetar a forma como as auditorias são conduzidas e os requisitos de divulgação. Conforme o mundo e o mercado mudam, as normas precisam se adequar e serem atualizadas para suprir estas demandas;

– Globalização: Com as empresas operando em múltiplos mercados, as auditorias externas precisam lidar com questões de conformidade e regulamentações internacionais. Isso torna essencial o conhecimento de normas e práticas contábeis em diferentes jurisdições. Assim, o profissional de auditoria precisa ter um olhar cada vez mais holístico sobre as diversas áreas que afetam, atuam e influenciam o seu trabalho e a tomada de decisão;

– Consultoria e serviços adicionais: Algumas empresas de auditoria têm diversificado seus serviços para incluir consultoria em estratégia, risco e conformidade, a fim de atender às necessidades em evolução de seus clientes;

– Sustentabilidade e relatórios não financeiros: A crescente ênfase na sustentabilidade e na divulgação de informações não financeiras está influenciando as auditorias externas, com uma demanda crescente por avaliações independentes dessas informações;

– Concorrência e consolidação: O setor de auditoria está sujeito à competição e à consolidação, com grandes empresas de auditoria competindo por clientes em um mercado altamente regulamentado.

Você é destaque também no nosso ranking de IPO Readiness. Com as flutuações macroeconômicas afetando mercado de capitais, qual o panorama de vocês para esta área de prática?

As organizações começam a perceber o potencial de melhora no mercado a curto prazo, e alguns de nossos clientes estão se preparando para a primeira janela de 2024. É um sinal muito positivo e o início da recuperação deste importante mercado.

Quais os principais desafios para as mulheres no mercado de auditoria?

Até pouco tempo, esta era uma área predominantemente masculina. Agora, estamos vendo mais mulheres nos cargos de liderança das empresas de auditoria. As “Big Four” têm desenvolvido programas internos de diversidade e inclusão, para garantir mais equilíbrio em todas as posições.

No mercado, infelizmente, ainda há aqueles com uma visão estereotipada, que enxergam as mulheres como menos comprometidas com o trabalho. Essa, contudo, é uma visão retrograda que tende e precisa ser superada. O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal ainda é um fator que precisa ser olhado com empatia pelas empresas e aprimorado em diversos aspectos – em ambos os gêneros, mas especialmente para as mulheres.

Sabemos, por meio de diversos estudos, que as mulheres por vezes subestimam suas habilidades e hesitam em buscar cargos de liderança, o que pode ser uma forma de autossabotagem. Superar esses desafios requer uma combinação de esforços individuais e mudanças sistêmicas nas suas mais diversas camadas. Isso inclui a promoção da igualdade de gênero, implementação de políticas de diversidade e inclusão, o incentivo à conscientização sobre viés de gênero e a criação de oportunidades de desenvolvimento e suporte para as mulheres que buscam cargos de liderança.