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Top Decisores

'As empresas começaram a reconhecer os benefícios da diversidade de gênero nas lideranças'

Mariana Ribeiro é sócia de M&A Transaction Services da Deloitte. Posicionada na 12ª colocação da lista Corporate & Finance Leading Women, ela fala sobre o novo olhar das empresas para lideranças femininas e o dinamismo da atuação em transações.

Como descreveria as particularidades da sua atuação em Transaction Services?

O dia a dia na área de Transaction Services é muito dinâmico, o que requer uma dedicação relevante para que possamos contribuir positivamente para o processo de aquisição de uma empresa e no timing adequado do contexto da transação. Minha principal atuação é no buy-side, auxiliando clientes estratégicos, e private equities, no processo de aquisição de empresas. Tipicamente, esse processo ocorre em um prazo curto em que é necessário atentar para fatores relevantes que possam impactar de forma positiva ou negativa a decisão de investimento dos clientes. Minha atuação é bem ampla, examinando minuciosamente os registros financeiros da empresa-alvo para identificar riscos e oportunidades, bem como auxiliar o cliente a identificar tendências financeiras, riscos e oportunidades para ajudá-los a tomar decisões informadas. Como sócia, também atuo na prospecção de clientes e na formação do nosso time, sendo responsável pelo recrutamento e treinamento de novos colaboradores da área, e no desenvolvimento da carreira desses profissionais.

Na sua avaliação, quais são os principais desafios do setor de M&A atualmente?

Hoje, o setor de M&A enfrenta diversos desafios, devido a mudanças econômicas, regulatórias e do próprio mercado. Alguns dos principais desafios atuais incluem a volatilidade de mercado, que acaba por afetar a confiança dos investidores e a disposição de empresas para concluir transações; as regulamentações complexas e alterações na legislação tributária, que também causam incertezas nos investidores; além de desafios financeiros como o aumento da inflação e das taxas de juros, que acabam por impactar o acesso ao capital influenciando as decisões de M&A. Outro desafio que tem se demonstrado cada vez mais presente nas transações está relacionado à avaliação de riscos ESG. Avaliá-los e mitigá-los é crucial para evitar surpresas desagradáveis no futuro. Para enfrentar esses desafios, profissionais de M&A precisam estar sempre atualizados, ser ágeis na adaptação a mudanças e ter uma compreensão profunda das questões específicas do setor. Além disso, a colaboração interdisciplinar e a busca por consultoria especializada são frequentemente necessárias para superar obstáculos complexos.

Como avalia a presença feminina em posições de liderança nas grandes corporações?

Percebo que ainda é discrepante a diferença entre homens e mulheres nestas posições, o que se acentua em algumas regiões e até em determinados setores. No entanto, nos últimos anos, percebo que houve um crescimento gradual da representação feminina e as empresas começaram a reconhecer os benefícios da diversidade de gênero nas lideranças. Como executiva e mãe, vejo que muitas vezes balancear as demandas profissionais e pessoais é extremamente desafiador. Contudo, com o apoio das organizações e planejamento é possível encontrar e manter esse equilíbrio. Acredito que as mulheres em cargos de liderança desempenham um papel fundamental no processo de redução dessa desigualdade. E nós precisamos continuar como porta-vozes dessa questão.

Quais são as suas perspectivas para o mercado de transações no próximo ano?

Desde meados de 2022, devido a questões políticas, econômicas e eventos geopolíticos – como as guerras -, a incerteza e a cautela têm sido os denominadores comuns entre os investidores envolvidos na atividade global de fusões e aquisições. Uma pesquisa da Deloitte sobre as perspectivas para gestão de investimento em 2024 (Perspectivas para Gestão do Investimento | Deloitte) aponta para um cenário de recuperação, já em 2024. O ano corrente tem apresentado um início de recuperação com a estabilização na inflação e uma tendência de queda nas taxas de juros, o que aumenta o apetite dos compradores. Do meio do ano até agora, temos visto um aumento no número de transações, com 324 transações registradas no primeiro semestre de 2023 comparado a 307 no mesmo período do ano anterior segundo dados do TTR, o que comprova essa tendência e corrobora a expectativa de uma recuperação no próximo ano. Entretanto, não podemos esquecer que a maior dificuldade de acesso ao financiamento, além das incertezas geopolíticas e instabilidade no cenário macroeconômico ainda podem ser fatores de impacto neste cenário previsto.

 

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