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'Arrisco dizer que superamos bem as questões discriminatórias'

Adriana Cristina Pino Volejnik é sócia da PP&C Auditores Independentes e docente da Fecap. Sua atuação em Perícias a levou à 29ª posição na lista Corporate & Finance Leading Woman. Nesta entrevista, ela fala sobre o avanço na equidade de gênero no âmbito da resolução de disputas e sobre os desdobramentos da perícia digital.

Como descreveria as particularidades da sua atuação em perícia contábil?

Particularidades em minha atuação são buscar trabalhar sempre com profissionais perspicazes, saber ouvir o meu cliente e o seu patrono (buscando compreender a realidade dos fatos, as hipóteses de defesa lançadas), bem como a curiosidade pela trajetória e materialização dos fatos que levaram até aquela situação de conflito.

Nessa dinâmica, gosto de trabalhar em equipes fortes e procuro ser flexível para atuar tecnicamente com empatia, deixando claros os limites técnicos de minha atuação e as possibilidades de aprofundamento nos temas objeto de perícia a serem explorados.

Outra particularidade minha, que sempre me motivou, é a de pensar em formas de contribuir para a formação de profissionais, que queiram ingressar na área, para que se apaixonem por esta importante função que um contador pode desempenhar. Ao longo de minha trajetória, tive a honra de colaborar na formação de alguns profissionais e hoje, independentemente de fazerem parte de minha equipe atual, me orgulho em saber que são os melhores do mercado por sua técnica, ética e comportamento profissionais.

Quais são os principais desafios para o setor?

Cada vez mais nos deparamos com um grande volume de documentos a serem analisados e, por vezes, os Peritos têm que se responsabilizar pela seleção e extração deles. Deste modo, cada vez mais, precisamos desenvolver habilidades tecnológicas e protocolares de Perícia Digital, além, claro, do contínuo aprendizado de nossa amada teoria contábil.

Quais são os principais desafios para as mulheres no âmbito da resolução de disputas?

Atualmente, arrisco dizer que superamos bem as questões discriminatórias e que temos desafios similares aos homens que atuam neste meio.

Afirmo isso, pois hoje já temos notícias de alta participação de mulheres na composição de Tribunais Arbitrais e, em audiências arbitrais, cada vez mais mulheres tomando a palavra para apresentar o resultado de suas constatações periciais. Ainda, nos programas de especialização em Perícia, observo que mais mulheres vêm compondo as turmas.

Para mim, uma alegria imensa é esta evolução, pois senti “na pele” a falta de nomeações de mulheres, quando ainda levávamos nossos dossiês com as credenciais pessoais para os cartórios do Fórum João Mendes. Peritas sempre estavam “debaixo das asas” de nomes masculinos, mas sobre suas mesas, a efetiva conclusão dos Laudos e Pareceres Técnicos. Enfim, hoje, nosso nome feminino já não é mais o principal item impeditivo para o nosso crescimento.

Na sua avaliação, o que podemos esperar para o próximo ano na prática pericial?

Podemos esperar muitos bons trabalhos, uma vez que estamos acompanhando a evolução tecnológica, que veio para permitir que sejamos mais analistas e desenvolvedores de trilhas para identificar o nexo causal de cada caso.

Estamos transitando entre (i) um alto volume de horas incorridas na digitação e organização de documentos para montagem de inúmeras planilhas para (ii) mais horas dedicadas à análise das informações oriundas de procedimentos de seleção e extração de dados, com garantias técnicas da fidedignidade das bases de dados estruturados que serão tratadas e examinadas com este nosso olhar, treinado para investigar e enxergar a verdade dos fatos.