De uma carreira construída entre tradição familiar e expansão internacional, Alicia Daniel-Shores assumiu a liderança da Daniel Law com a meta de reposicionar a firma para o futuro sem desconectar do passado. Em um setor pressionado por IA, automação e novos modelos de entrega jurídica, ela explica como equilibra inovação e legado — e compartilha um recado direto para jovens advogadas: buscar protagonismo desde cedo, ocupar espaços e não esperar permissão para liderar
Confira a entrevista na íntegra:
O Daniel Law é reconhecido por sua atuação em propriedade intelectual e inovação. Como o escritório enxerga o impacto da IA e das novas tecnologias nesse campo jurídico?
A Daniel Law enxerga a inteligência artificial e as novas tecnologias não como uma ameaça, mas como uma extensão natural da inovação — o mesmo fenômeno que impulsiona o desenvolvimento de novas criações e, portanto, da própria propriedade intelectual.
O escritório tem investido fortemente em data mining, analytics e sistemas proprietários de inteligência jurídica, que permitem análises estratégicas, precisão nos pareceres e uma atuação preventiva mais eficaz.
A IA já está integrada à nossa operação — da gestão de portfólios à análise de litígios complexos — e reforça nosso compromisso com soluções jurídicas orientadas por dados, mantendo sempre a supervisão e a responsabilidade humanas no centro da tomada de decisão
Como o escritório equilibra a tradição da advocacia com a necessidade de se reinventar constantemente no ambiente tecnológico?
Com quase 90 anos de história, a Daniel Law combina legado e liderança em Propriedade Intelectual com uma postura de constante transformação.
Nossa tradição garante consistência e credibilidade; nossa mentalidade tecnológica nos mantém à frente.
Fomos pioneiros em adotar sistemas próprios de gestão e automação de processos, em alinhar certificações ISO de segurança da informação a práticas jurídicas e em estruturar uma operação integrada em toda a América Latina.
Assim, conciliamos o melhor dos dois mundos: a solidez de quatro gerações de experiência e a agilidade de uma firma que se reinventa continuamente para atender às novas demandas do mercado e dos clientes.
Quais desafios e aprendizados marcaram sua trajetória até se tornar managing partner?
Minha trajetória foi marcada por desafios que exigiram coragem, disciplina e visão de longo prazo.
Assumir a liderança de um escritório com quase um século de história significou equilibrar respeito pelo legado com o impulso de modernização.
Houve aprendizados valiosos: entender que liderar é também inspirar transformação, que a inovação começa pela cultura interna e que diversidade e tecnologia são forças complementares na construção de um escritório verdadeiramente preparado para o futuro.
Que conselho daria para jovens advogadas que aspiram cargos de liderança em grandes escritórios?
Meu conselho é simples: assumam seu espaço com autenticidade e propósito. A liderança não é um destino, é um processo contínuo de aprendizado e autoconhecimento.
Cultivem competência técnica e visão estratégica, mas também desenvolvam empatia, curiosidade e coragem para desafiar padrões. Na Daniel Law, acreditamos que a liderança feminina é uma força transformadora — e nossa própria história prova isso.
O que podemos esperar da sua gestão nos próximos 12 meses?
Os próximos 12 meses serão de aceleração estratégica. Seguiremos investindo em tecnologia, dados e pessoas — pilares da nossa atuação.
Entre as prioridades estão: o fortalecimento da integração regional na América Latina, a expansão das soluções de enforcement digital e proteção de dados, e novas iniciativas em diversidade e inovação operacional.
Queremos continuar sendo o benchmark em Propriedade Intelectual e Tecnologia, com um modelo de gestão que combina legado, excelência técnica e visão de futuro.


