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'O registro contábil guarda a história e a essência do que ocorreu'

Eliana Freire é sócia da área da Porto & Reis, Freire e Gorrão, escritório Líder em Perícia Contábil no ranking da Leaders League. Ocupando a 16ª posição na lista Corporate & Finance Leading Women, ela fala sobre o aprofundamento das análises periciais, o uso de tecnologia e o enfrentamento ao machismo em uma área predominantemente masculina.

Como descreveria as particularidades da sua atuação na área de perícia contábil?

Esta é uma atividade que incorpora muitas particularidades. Isto inclui o melhor entendimento do assunto discutido, o adequado contato com o cliente, o contato próximo ao perito, o acompanhamento da evolução do procedimento, o cuidado em observar os prazos, a busca por antecipar os movimentos futuros, entre outros.

Essencialmente diria que a busca pela compreensão do que se está discutindo e a busca pela melhor alternativa para demonstrar o que se espera provar, são as principais questões que devem permear a perícia contábil – afinal, o registro contábil guarda a história e a essência do que ocorreu e, portanto, por meio dele pode se chegar à verdade dos fatos.

Na sua avaliação, quais são os principais desafios do setor atualmente?

Na minha opinião o grande desafio atual é associar as tecnologias existentes e disponíveis para obter um melhor resultado, sem perda da essência e da qualidade. Estudar sempre para ajudar no dia a dia, além de sempre ter atenção e cuidado com o cliente.

Entendo que apesar de o trabalho, muitas vezes, tratar de questões de natureza técnica, a profissional que está interessada na perícia precisa desenvolver a habilidade em passar sua mensagem de forma clara, facilitando a compreensão de todos, em especial de quem irá julgar, o que inclui a demonstração dos subsídios necessários ao bom entendimento das questões.

Quais os principais desafios para as mulheres na área de perícias?

As mulheres, além das questões técnicas que mencionei, ainda enfrentam muitas barreiras de uma atividade que sempre foi um território masculino: o machismo, o preconceito, o descrédito e, porque não dizer, até a diferença de remuneração. Ou seja, o desafio nosso é grande.

Apesar disto, já se observa um notório crescimento de ingresso de mulheres na área. Nota-se, a cada momento a presença feminina tanto como árbitras e representantes das partes, quanto como peritas.

Vale aqui lembrar que as mulheres têm fama de serem mais observadoras, minuciosas, detalhistas e assertivas e isto é que o que se busca em um trabalho pericial.

Quais são suas perspectivas para o próximo ano?

O desafio contínuo é fazer o melhor trabalho possível, a melhor prova, contribuir tecnicamente, para a resolução de um conflito. Para tanto, a busca por novos conhecimentos, o aprimoramento diário e a incorporação de técnicas a serem utilizadas é um desafio efetivo e não pode ser esquecido.

Que no próximo ano, possamos ter notícias de mulheres peritas que estejam desempenhando um trabalho com excelência e que a participação da mulher alcance destaque positivo, não só em quantidade de trabalhos realizados, mais na qualidade, na assertividade e na competência.