Disputas

Novo Managing Partner do Demarest comenta sobre nova fase do escritório

Após quase 30 anos no escritório, José Diaz fala com exclusividade para o Decisor Brasil sobre sua jornada de estagiário à liderança, os planos estratégicos do Demarest e como inovação, diversidade e governança definem o futuro da advocacia full service.

Você iniciou sua trajetória no Demarest como estagiário em 1996 e, quase três décadas depois, assume a posição de managing partner. Quais aprendizados mais marcaram sua carreira até aqui e de que forma essa vivência molda sua visão de liderança?

Ao longo desses quase 30 anos no escritório, vivo uma jornada de aprendizado contínuo, crescimento profissional e profundo envolvimento com a cultura do escritório, reconhecido por seu ambiente colaborativo, com a união entre os profissionais de todas as áreas jurídica e administrativa.

Esse esforço coletivo em prol de um mesmo objetivo – atender aos clientes com excelência, agilidade e de forma inovadora – se traduz pelo que chamamos de “Liga Demarest”.

Entre os aprendizados considerados mais marcantes, posso destacar a construção de relações duradouras, com clientes e colegas do escritório, e também a capacidade de nos adaptar a um ambiente jurídico em constante transformação para prestar um serviço moldado às reais necessidades do cliente.

A experiência de atuar no Conselho de Administração e na Diretoria Executiva me proporcionou uma visão estratégica do negócio, especialmente em momentos de mudanças significativas no mercado e no escritório, com uma governança corporativa estruturada.

Essa vivência me ensinou que liderar é, acima de tudo, servir: estar próximo das pessoas, entender o que precisam e criar um ambiente em que o talento de cada um possa se desenvolver e ser reconhecido.

Acredito em uma liderança que valoriza a inteligência coletiva, como a que construímos no escritório, e está preparada para encarar desafios complexos, com a diversidade de ideias e propondo soluções inovadoras.

Após um período de transição ao lado de Paulo Rocha, você assume o comando em um momento importante para o escritório, que acaba de completar 77 anos e ultrapassou a marca de 100 sócios. O que esse crescimento representa para o Demarest e quais serão as suas prioridades na nova gestão?

Assumir a liderança do Demarest após esse período de transição ao lado do Paulo Rocha é um momento muito especial da minha trajetória e do escritório, que neste ano celebra 77 anos de história, em um processo de forte expansão, marcada por um crescimento sustentável em linha com nosso planejamento estratégico.

Ter participado dessa transição ao lado do Paulo, que esteve 13 anos na função de MP, ao mesmo tempo em que se manteve atuante na área de M&A, foi uma experiência enriquecedora tanto do ponto de vista da gestão de pessoas quanto do de negócios.

A expansão do Demarest representa muito mais do que números, do que crescer por crescer. O crescimento está baseado em um planejamento estratégico trienal (2024-2026), com foco no desenvolvimento de áreas com potencial para atrair novos negócios, e faz parte de um projeto coletivo. O plano é aprovado pelos sócios e construído pelo conselho com toda uma governança colaborativa.

Nosso quadro de sócios avançou com o contínuo reconhecimento e promoção de talentos internos (sócios orgânicos) e a vinda de sócios laterais com habilidades que completam e reforçam as nossas equipes em áreas consideradas estratégicas.

Essa diversidade de pessoas, pensamentos, capacidade técnica e visão de futuro nos permite evoluir como organização, sempre com foco em excelência, ética e inovação.

Por isso, minhas prioridades nessa nova fase estão ligadas à continuidade desse legado, dessa cultura de colaboração, para entregar para as próximas gerações algo melhor do que recebemos.

Na prática, isso significa construir uma gestão próxima às pessoas, para ajudar os sócios tanto no desenvolvimento de suas carreiras como na busca de oportunidades de negócios dentro e fora do Brasil.

Vejo a inteligência artificial como uma aliada essencial nesse processo; para ganhar eficiência e aumentar ainda mais a excelência de nossos serviços, gerando maior valor para nossos clientes.

E, acima de tudo, o objetivo é manter o escritório como um ambiente em que as pessoas se sintam ouvidas, respeitadas e motivadas a crescer. Acredito muito na liderança que escuta, compartilha e constrói junto.

O Demarest tem investido fortemente em áreas estratégicas e na valorização de talentos internos. Como você enxerga o papel do escritório no cenário jurídico brasileiro e latino-americano nos próximos anos?

A trajetória de quase oito décadas de atuação do Demarest se confunde com o desenvolvimento dos negócios no cenário jurídico e econômico brasileiro, tendo sido responsável por importantes investimentos em diversos segmentos do país. Nos próximos anos, acreditamos que essa contribuição será ainda mais relevante, principalmente em áreas relacionadas a recursos renováveis, energia limpa, agronegócios, mineração e infraestrutura de uma forma geral (inclusive infraestrutura social), inovações financeiras, tecnologia, telecomunicações e life sciences.

A América Latina vive um momento de transformação, com desafios regulatórios, mudanças econômicas e novas demandas sociais, e o papel do Demarest é participar desses debates, estar à frente nas discussões e entregar soluções jurídicas que realmente façam a diferença.

Além da valorização de talentos internos e da preparação para o futuro, o nosso planejamento estratégico prevê um crescimento que combina profundidade técnica com visão de negócios, e que seja capaz de atuar de forma integrada em temas cada vez mais complexos e globais.

Somos e queremos continuar sendo referência em qualidade, inovação e na proximidade do atendimento ao cliente dentro e fora do país. Para isso mantemos também relacionamentos e parcerias com escritórios internacionais e preparamos nossos sócios para atuar em diferentes partes do mundo, por meio das desks.

A atuação jurídica tem enfrentado um ambiente de negócios volátil e desafiador. Na sua visão, quais são hoje os maiores desafios para os escritórios full service e como o Demarest pretende se posicionar diante dessas transformações?

O ambiente de negócios tem se mostrado cada vez mais volátil, com mudanças regulatórias cada vez mais aceleradas, avanços tecnológicos disruptivos e uma pressão crescente por eficiência e inovação.

De uma forma geral, o grande desafio para o setor e escritórios full service é manter a capacidade de oferecer soluções altamente especializadas, sem perder a visão integrada e a proximidade que o cliente espera.

No caso do Demarest, nosso posicionamento diante dessas transformações é muito claro: buscamos ser um parceiro de negócios que antecipa tendências, entende o contexto do cliente e sua indústria e entrega valor real. Isso exige investimento contínuo em tecnologia, em inteligência de dados e, principalmente, em pessoas.

Certamente, existem fatores que não podemos controlar e não devemos controlar, precisamos aprender isso. Mas, por outro lado, esse momento de volatilidade é importante para ter disciplina e se dedicar ainda mais àquilo que fazemos de melhor: ajudar os clientes a atravessar esse cenário de incertezas.

Nosso foco é buscar transações complexas, desafiadoras e inovadoras, apoiando o desenvolvimento de investimentos no país e também das empresas brasileiras no exterior.

O Demarest tem sido reconhecido por iniciativas em inovação, diversidade e governança. Como esses pilares se conectam com a estratégia de crescimento do escritório e com a forma como vocês prestam serviços jurídicos aos clientes?

Inovação, diversidade e governança são pilares profundamente conectados à história, à estratégia de crescimento e à forma como o Demarest e todos nós entregamos valor aos nossos clientes.

Nesse contexto, o futuro da advocacia passa por uma atuação mais inteligente, no aspecto coletivo, mais inclusiva e cada vez mais comprometida com a experiência do cliente, com as nossas pessoas e o nosso planeta.

A inovação permite repensar processos, incorporar a tecnologia de forma mais assertiva e levar soluções mais eficientes, alinhadas justamente aos negócios dos nossos clientes. Não se trata de digitalizar o que já existe, otimizar tempo, mas de transformar a forma pela qual executamos o serviço jurídico, conectando a inteligência coletiva de várias áreas.

A diversidade, por sua vez, é fundamental para não só motivar a criatividade, mas sim refletir a nossa realidade. Um time plural, com diferentes vivências e perspectivas, enriquece o debate jurídico e nos torna ainda mais preparados para lidar com a complexidade dos desafios atuais. Além disso, é um compromisso ético com a sociedade e com o ambiente em que atuamos.

A governança corporativa é o que sustenta tudo isso. Ter estruturas sólidas, transparentes e participativas garante que nossas decisões estejam em linha com os valores do escritório e com uma visão de longo prazo. É isso que nos permite crescer com consistência e de maneira sustentável.

Esses três pilares estão no centro da nossa estratégia porque acreditamos que o escritório do futuro será aquele que consegue unir excelência técnica com propósito, inovação com responsabilidade, e crescimento com impacto positivo.