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Apostador brasileiro: pesquisa da Anbima traça perfil e hábitos financeiros

Em meio à CPI das Bets, a Anbima divulgou, no final de abril, a oitava edição do Raio X do Investidor Brasileiro, pesquisa que revela o comportamento financeiro da população em 2024. A grande novidade deste ano está na inclusão de dados sobre apostas e estresse financeiro entre os brasileiros.

A pesquisa apontou que, entre as pessoas com mais de 16 anos, 15% realizaram pelo menos uma aposta no ano passado — um aumento de 1 ponto percentual em relação a 2023, o que representa cerca de 23 milhões de brasileiros. Um dado que chama a atenção é que 4 milhões de pessoas consideram as apostas esportivas um tipo de investimento financeiro. Apesar disso, há uma melhora em relação ao ano anterior, quando esse número representava 22% dos apostadores.

A Anbima também aplicou o índice internacional Problem Gambling Severity Index (PGSI), segundo o qual uma em cada dez pessoas que apostaram apresenta alta tendência ao vício em jogos de azar. Outro dado preocupante é que cerca de um terço da população declarou estar com dívidas em atraso — e, entre os apostadores, quase metade está endividada.

Esses números estão relacionados diretamente com a questão do estresse financeiro: 66% das pessoas com dívidas relataram alto nível de estresse.

Outra novidade da edição é a categorização da população em quatro perfis diferentes, traçados a partir de uma análise quantitativa detalhada que identificou padrões comportamentais e socioeconômicos. Os grupos foram divididos entre pessoas que investem e não investem:

Entre os que não investem, há dois perfis:

  • Sem reservas (52%): pessoas que não investem nem economizam.
  • Economizam, mas não investem (12%).

Já entre os investidores, há:

  • Usuários apenas da caderneta de poupança (20%).
  • Investidores que diversificam aplicações (17%).

Perfis socioeconômicos

Sem reservas: Mulheres pardas, com média de 45 anos, da classe C, com ensino médio completo, moradoras do Sudeste e Nordeste. Neste grupo, 12% realizaram apostas em 2024 e 59% relataram alto nível de estresse.

Economizam, mas não investem: Homens (62%), pardos, da classe C, moradores do Sudeste, com ensino médio completo. Entre eles, 16% apostaram e 40% relataram alto nível de estresse.

Investem apenas na poupança: Mulheres (54%), pardas, da classe C, com média de 48 anos, moradoras do Sudeste, com ensino médio completo. Aqui, 11% fizeram apostas e 46% relatam estresse alto.

Investidores diversificados: Homens (62%) com média de 37 anos, ensino superior completo (50%), maioria branca (42%), da classe A/B (52%) e residentes do Sudeste. Nesse grupo, 12% fizeram apostas e 40% relatam alto nível de estresse.

Durante a pesquisa também foi perguntado para cada perfil qual o principal motivo que as pessoas realizam as apostas. Para aqueles sem reservas e os que utilizam apenas a poupança, o principal motivo é o ganho rápido de dinheiro como uma solução imediata para dificuldades financeiras. Já aqueles que diversificam as apostas a ideia principal é a diversão.

Quem mais aposta no Brasil?

Homens e a geração Z são os que mais apostam: dois terços dos apostadores são homens entre 16 e 28 anos. Desses, 25% usaram aplicativos de apostas em 2024. Em seguida aparecem os millennials (29 a 43 anos), com 21%; a geração X (44 a 63 anos), com 6%; e os boomers (acima de 64 anos), com apenas 2%.

Por classe social:

  • Classe D/E: 10% realizaram apostas;
  • Classe C: 17%;
  • Classe A/B: 16%.

O risco de vício

Analisando diretamente o vício em apostas foram feitas seis perguntas, sendo que cada resposta seria pontuada em: situação que ocorreram sempre (três pontos); na maior parte do tempo (dois pontos); as vezes (um ponto); ou nunca (zero). Aqueles que somarem mais de sete pontos foram considerados alto risco:

  • Você apostou mais dinheiro do que podia perder?
  • Você voltou a apostar outro dia para tentar recuperar o que perdeu?
  • Já pegou dinheiro emprestado ou vendeu algo para apostar?
  • Alguém já criticou suas apostas ou disse que você tem um problema, mesmo que você não concorde?
  • O jogo causou algum problema financeiro para você ou sua família?
  • Você já sentiu culpa pela forma como joga?

Após as respostas foi apontado que as pessoas com alta tendência ao vicio gastam em média R$683,64 mensais, tem média de 33 anos e 21% encara apostas como uma forma de investimento. Em termos de localização a grande parte está localizada no Sudeste com 38% e a região menos afetada é o Norte com (7%). Em sua maioria são homens (64%) da classe C (53%).

Como resultado das perdas, 52% tentavam recuperar seu dinheiro apostando novamente – índice que chega em 64% entre os que economizam, mas não investem. Outros dados que geram preocupação é o fato de 30% das pessoas que tentaram recuperar valor através de bets afirmaram ter apostado mais do que poderiam e 10% que recorreu a empréstimos ou venda de bens para continuar apostando.

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