De uma butique de direito imobiliária a um escritório com presença internacional — a trajetória do Campos Mello Advogados é também a trajetória de sua liderança. À frente da firma há 15 anos, Fábio Campos Mello incorporou práticas globais de governança, transformou o modelo de gestão e ajudou a posicionar o CMA como uma referência brasileira em operações cross-border. Agora, ele explica como a cooperação internacional moldou a cultura interna, por que a IA está redefinindo o trabalho dos advogados e qual legado deseja construir como Managing Partner.
Confira a entrevista na íntegra:
Que lições a experiência de cooperação internacional trouxe para a cultura e o modelo de governança do escritório?
A cooperação internacional transformou profundamente a forma como pensamos e operamos. Ao longo dos últimos quinze anos, desenvolvemos o DNA de um dos poucos escritórios brasileiros genuinamente voltados a cross-border transactions, combinando excelência técnica local com padrões globais de governança e gestão.
A parceria com a DLA Piper foi fundamental nesse processo representando uma relação de enorme aprendizado, confiança e troca, que nos ajudou a elevar nossos padrões de governança, compliance e colaboração. Tenho enorme respeito e gratidão por esses últimos 15 anos.
Na sua visão, o que diferencia um managing partner de um bom gestor corporativo tradicional?
O managing partner vive um duplo papel: é gestor e, ao mesmo tempo, sócio e advogado. Precisa equilibrar a racionalidade empresarial com o senso de propósito que sustenta a advocacia, como ética, reputação e relações de confiança. Diferente de um CEO tradicional, o managing partner lidera pares, não subordinados, e precisa inspirar, articular consenso e construir visão coletiva. É um papel de influência, não apenas de comando, que exige empatia, visão estratégica e a capacidade de conduzir transformações sem comprometer a coesão da sociedade.
O avanço da inteligência artificial está alterando a forma como o escritório presta serviços jurídicos?
Sem dúvida. A inteligência artificial está redesenhando processos, fluxos e expectativas. No CMA, encaramos a IA como aliada, uma ferramenta para ampliar eficiência, precisão e capacidade analítica, liberando nossos advogados para o que é mais nobre: o raciocínio jurídico, o aconselhamento estratégico e a criatividade na solução de problemas complexos.
Desde outubro, estamos utilizando o Harvey, plataforma desenvolvida especificamente para o setor jurídico, o que representa um salto qualitativo em automação e pesquisa aplicada. Essa implementação é acompanhada por investimentos contínuos em treinamento, governança ética e segurança de dados, garantindo que a tecnologia sirva como extensão da nossa inteligência humana e não como substituta dela.
Que legado você gostaria de deixar como managing partner do Campos Mello Advogados?
Meu objetivo é deixar um escritório mais sólido, moderno e humano. Um ambiente em que as pessoas cresçam profissional e pessoalmente, em que a cultura de colaboração e excelência seja permanente, e onde inovação e propósito caminhem juntos. Quero que o CMA continue sendo uma plataforma de impacto para os clientes, para os profissionais e para a sociedade, capaz de formar novas lideranças e manter viva a vocação empreendedora e internacional que nos trouxe até aqui. Acima de tudo, quero que as pessoas sejam felizes, encontrem seu propósito e potencializem suas vidas trabalhando aqui.
O que podemos esperar da sua gestão nos próximos 12 meses?
Vivemos um momento de grande motivação no CMA. Em quinze anos, transformamos uma butique especializada em direito imobiliário em um escritório de alcance internacional, com presença em diversas áreas estratégicas e sólida reputação no cenário global.
Os próximos anos serão ainda melhores. Estamos consolidando nossa posição em cross-border transactions, reforçando áreas como energia, tech, M&A e infraestrutura, e expandindo nossa atuação em mercados estratégicos como Houston, Miami, NY, Londres e Ásia.
Ao mesmo tempo, seguimos investindo em governança, tecnologia, sustentabilidade e desenvolvimento de pessoas – pilares que sustentam o futuro da firma. Nosso foco é claro: crescer com qualidade, preservar nossa cultura e fortalecer nossa posição entre os escritórios mais relevantes e influentes da América Latina.


