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Compliance Summit: Painel discute a relação entre o ESG e Compliance

Especialistas de Braskem, BRK Ambiental e ABB discutem como integrar compliance e ESG para atender à CVM 193, fortalecer a governança corporativa e mitigar riscos regulatórios

O último painel da tarde do Compliance Summit Brasil trouxe uma discussão de alto nível sobre como alinhar ESG e compliance para fortalecer a governança corporativa. Organizado pelo Madrona Advogados, o painel “ESG no Compliance: Como Estruturar Controles para Mitigar Riscos e Estratégias para uma Governança Sustentável” reuniu executivos de grandes empresas e ofereceu insights práticos para o futuro das organizações.

Moderado por Nair Saldanha, sócia do Madrona Advogados, o debate contou com Juliana Chequi, Senior Legal Director Regulatory Affairs & Compliance da BRK Ambiental, Marcelo Toro, Global Compliance Officer da Braskem, e Milena Sbrana, Head of Legal & Integrity da ABB.

ESG além do marketing verde

Abrindo o painel, Saldanha destacou que a integração entre ESG e compliance deve ser sólida e transparente:

“Estamos na ponta oposta do greenwashing. Companhias abertas estarão sujeitas à Resolução CVM 193, que exigirá a divulgação de relatórios de sustentabilidade com parâmetros internacionais a partir de 2027”, alertou.

A fala reforçou a urgência de empresas estruturarem controles e processos robustos para atender às novas demandas regulatórias.

Milena Sbrana destacou que qualquer programa de ESG e compliance precisa começar por um diagnóstico profundo da organização:

“Estamos falando de riscos — e cada empresa tem um apetite ao risco diferente. O primeiro passo é mapear esses riscos de forma detalhada, entender onde eles estão e quais são mais críticos para o negócio. A partir daí, conseguimos priorizar quais precisam ser mitigados imediatamente e quais podem ser administrados de forma mais estratégica”, explicou.

Ela ressaltou que esse processo precisa ser equilibrado para não travar o crescimento:

“Mitigar riscos não significa paralisar a operação. É preciso garantir que o negócio continue entregando resultados, mas com segurança. O desafio é alinhar gestão de riscos, compliance e operação para que a empresa seja capaz de crescer de forma sustentável e evitar que vulnerabilidades se tornem crises.”

O aprendizado da Lava Jato e a evolução do compliance

Marcelo Toro compartilhou a experiência da Braskem, que expandiu significativamente seu programa de compliance após a Operação Lava Jato:

“Começamos com oito pessoas e crescemos para quase 90. Construímos um programa com pilares de compliance, auditoria interna, riscos corporativos, privacidade de dados e controles internos. A companhia entendeu a importância do tema e cresceu junto com o programa”, destacou.

Toro também enfatizou que o ESG se tornou meta corporativa, vinda da alta gestão, e que o desafio atual é garantir a implementação efetiva dos programas:

“Não adianta cobrar dos clientes e não ter internamente. É um investimento alto, mas necessário. Temos canal de denúncias e programas de investigação para mitigar fraudes e riscos de greenwashing. Inclusive, já usamos inteligência artificial para combater tentativas de fraude feitas com IA.”

Cultura de compliance em múltiplas frentes

Juliana Chequi trouxe a perspectiva de uma companhia que opera em mais de 13 estados e 100 municípios:

“Temos de interagir com mais de 20 agências reguladoras. Para isso, criamos uma equipe dedicada e um programa de embaixadores de compliance — atualmente 29 — que disseminam a cultura em todo o país”, contou.

Ela destacou que a BRK Ambiental possui canal de denúncias independente, disponível 24 horas, matriz de riscos e treinamentos para todos os colaboradores:

“Não deixamos o compliance no papel. Nossa área de ESG anda lado a lado com compliance para lidar com diferentes contextos regulatórios e culturais.”