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Compliance Summit: Qual o papel do compliance officer e a importância de investimentos em tecnologia?

No painel de abertura do Compliance Summit & Awards, Mariana Laselva (CLA Brasil), Victor Hugo Cabreira (AON), Juliana Ruggiero (Abbott), Ricardo Cabral (GM) e Caroline Rocabado (Dasa) destacaram que o compliance deixou de ser visto como custo e passou a ser um diferencial estratégico para proteger a reputação e garantir a sustentabilidade das empresas.

A segunda edição do Compliance Summit Brasil, evento que reúne os principais nomes do mercado brasileiro de compliance, teve início hoje pela manhã no Centro Brasileiro Britânico. A abertura contou com mediação de Mariana Laselva, sócia da CLA Brasil, e participação de Victor Hugo Cabreira, advogado sênior de compliance para Brasil & Latam na AON, Juliana Ruggiero, diretora regional de compliance e Data Protection Officer da Abbot, Ricardo Cabral, Regional Compliance Officer & Data Protection Officer na GM, e Caroline Rocabado, líder de Privacidade no Dasa.

O painel de abertura, intitulado “Papel Estratégico do Compliance Officer na Organização: Risk Assessments, Dados, IA”, destacou a evolução do papel do compliance nas empresas, a necessidade de investimentos contínuos e os impactos das novas tecnologias.

Mariana Laselva abriu a discussão abordando a percepção do compliance como custo e não como investimento. Juliana Ruggiero destacou que essa visão está mudando:

“Um ponto muito importante: quando falamos do papel estratégico do compliance officer, falamos do compliance tradicional, proteção de dados, inteligência artificial. Com isso gostaria de começar perguntando sobre a questão do compliance ser colocado como custo, e não como investimento”, afirmou

Juliana Ruggiero reforçou que a visão do compliance como gasto está mudando. “Ano passado, o DOJ publicou uma diretriz que determina que os investimentos em tecnologias emergentes devem ser proporcionais aos investimentos em compliance. Isso mostra que o compliance se sustenta por meio desses investimentos. Antes havia a visão de que compliance era custo, mas hoje ele é uma medida protetiva das organizações. Eu não compraria um produto produzido por mão de obra infantil — e isso é capital reputacional. O compliance se torna um ativo estratégico e um diferencial competitivo”, afirmou, lembrando que a lei anticorrupção brasileira exige investimentos na área.

Ricardo Cabral trouxe a experiência da GM, que recentemente decidiu incluir a área de compliance na tomada de decisões estratégicas.

“Não atuamos apenas em investigações ou treinamentos. Participamos de discussões com o C-level e de projetos estratégicos desde o início, o que nos permite identificar riscos e alinhar decisões com legislações extraterritoriais. Isso tem dado mais segurança aos stakeholders para decidirem”, relatou.

Victor Hugo Cabreira destacou o rigor e o custo dos processos de compliance.

“O monitoramento pode levar até quatro anos, dependendo do caso. Por isso, criamos ferramentas de pesquisa reputacional personalizadas, que vão de análises simples até casos críticos, envolvendo valores de até 600 milhões de dólares. Mesmo após aprovação, o processo continua sendo mensurado, o que pode torná-lo quase inviável em algumas situações”, afirmou.

Caroline Rocabado, por sua vez, falou sobre a mudança estrutural na Dasa, que auxiliou na relação entre as áreas de tecnologia e jurídica como forma de proteção das informações.

“A área de proteção de informações hoje está na tecnologia, e não mais no jurídico. Isso nos permite análises mais complexas e integração entre áreas. Um dos nossos avanços foi criar uma matriz de riscos unificada, fazendo jurídico e tecnologia falarem a mesma língua”, disse. A executiva ainda anunciou que, até o fim do semestre, será lançado o segundo Código de Proteção da Dasa, em um evento que reunirá ministros e operadoras de saúde.